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Durante o desenvolvimento cognitivo, muitos fatores podem influenciar o desempenho da criança frente aos desafios impostos no dia a dia. Nesse sentido, o processo de aquisição de habilidades e competências revelam características que tendem a levantar algumas preocupações. Assim, uma delas pode ser o Transtorno de Aprendizagem não-verbal. Mas você sabe o que é isso?

Antecipadamente, algumas coisas precisam ser reforçadas para que alguns equívocos sejam evitados. Dessa forma, os alunos que vivem com determinado tipo de transtorno jamais devem ser questionados acerca de suas capacidades, comportamentos etc. Afinal, a situação é mais complexa do que se imagina; e isso exige um acompanhamento aprofundado.

O que é Transtorno de Aprendizagem não-verbal?

De acordo com estudos, o Transtorno de Aprendizagem não-verbal pode ser definido como uma alteração específica, cujas principais características são percebidas em partes determinantes para o desenvolvimento do pequeno, tais como: coordenação motora, raciocínio matemático, habilidades sociais, aspectos sensoriais e percepção viso-espacial. No entanto, muitas pesquisas apontam quais são as principais manifestações observadas nessa condição.

Quais são os sintomas mais evidentes?

Os levantamentos da área sempre passam pelo nome do neuropsicólogo Byron Rourke, pois o estudioso foi o responsável por mapear as características desse transtorno, ainda nos anos 1970. As descobertas e a caracterização levaram aos seguintes pontos:

1. Ocorrência de déficits bilaterais na percepção tátil, eles se mostram fortemente acentuados no lado esquerdo do corpo. No entanto, a chamada percepção tátil simples pode se normalizar com a idade, porém a interpretação de estímulos táteis mais complexos continua alterada;

2. Ocorrência de déficits bilaterais na coordenação psicomotora, notados com frequência no lado mais acentuado do hemisfério esquerdo do corpo. As habilidades motoras simples e repetitivas podem se normalizar com a idade, mas as mais complexas permanecem alteradas e divergentes com relação à norma;

3. As habilidades organizacionais viso-espaciais ficam significativamente comprometidas. Por outro lado, as discriminações visuais simples podem se normalizar com a idade, mas os déficits tendem a piorar comparativamente aos pares normativos;

4. Dificuldades importantes para lidar com situações, informações novas ou complexas. Inclusive, é possível notar uma forte tendência a confiar em estratégias rotineiras, reações e respostas decoradas, frequentemente inapropriadas para a situação, idade e humor.

Outro fator a ser destacado é a dificuldade para adequar as respostas de acordo com o feedback recebido. Isso significa que é frequente o uso de respostas verbais, apesar de a situação requisitar outras estratégias de solução de problemas, formação de conceitos e testagem de hipóteses. Essas tendências persistem ou tendem a piorar com a idade;

5. Distorções na percepção e orientação temporal;

6. Habilidades verbais decoradas bem desenvolvidas (vocabulário ou facilidade para decorar);

7. Extrema dificuldade em se adaptar a novas situações mais complexas; apresenta excesso de confiança em comportamentos comuns e inadequados, nessas situações;

8. Deficiência destacada na mecânica da aritmética e na compreensão da leitura, em comparação com as habilidades adequadas de leitura de palavras isoladas;

9. Alta verbosidade rotineira e repetitiva, com limitações relacionadas ao conteúdo de linguagem, e dificuldades nos aspectos pragmáticos da comunicação (“cocktail party” de fala).

10. Déficits significativos na percepção, julgamento e interação sociais, com clara tendência para retraimento e/ou isolamento social, mesmo com o aumento da idade. De forma compensatória, podem se mostrar expansivos, mas sem a crítica adequada do próprio comportamento inconveniente.

Frequentemente estressados em situações de novidade social, as crianças podem demonstrar ansiedade considerável, o que leva a quadros de pânico em determinadas situações. Por fim, isso apresenta riscos para o desenvolvimento de perturbação socioemocional, especialmente na forma internalizada do transtorno. (TABAQUIM, 2016)

É possível notar essas alterações em sala de aula?

Essas manifestações são perceptíveis no contexto escolar. Aliás, uma das características pode ser a alteração significativa na matemática, dificuldade para memorizar a tabuada ou o estresse em situações de grande exposição, por exemplo.

Além disso, o Transtorno de Aprendizagem não-verbal representa um desafio na sala de aula, por isso é necessário um bom embasamento por parte dos profissionais a fim de promover uma visão mais treinada para o dia a dia.

O conhecimento prévio sobre o caso ajuda o professor a discernir o que vem a ser um comportamento irritadiço do Transtorno de Aprendizagem não-verbal. Dessa forma, é muito importante que haja essa abordagem na identificação dos sintomas.

Como é a intervenção?

O tratamento voltado para crianças com o Transtorno de Aprendizagem não-verbal é baseado na readequação das habilidades cognitivas. Inclusive, o desenvolvimento de competências é estimulado por meio da sistematização intensiva de treinos específicos e isso tem demonstrado eficácia considerável.

Nesse sentido, é importante reforçar que o treino de habilidades viso-espaciais e motoras – além de espontâneas e intuitivas – podem ter um resultado melhor quando explorado pela sistematização repetitiva de tarefas estimulantes da função, levando em conta os recursos de memorização verbal que podem atuar como mecanismos compensatórios.

Finalmente, a prática relacionada à autoinstrução verbal, a partir da estruturação de rotinas altamente praticadas, tem se revelado um método excelente de ensino para indivíduos com este transtorno. (TABAQUIM, 2016)

Como aprender mais sobre o tema?

Quem está à procura de obter mais conhecimento sobre o assunto pode seguir o caminho da especialização para se aprimorar. Afinal, um profissional que se dedica a expandir mais o seu universo de atuação está sempre à frente.

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Referência

TABAQUIM, MLM. Transtornos da aprendizagem não-verbal. Rev. Psicopedagogia, São Paulo, 2016.

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