Inicialmente, a pandemia chegou e impôs mudanças bruscas na maioria de nossas atividades, inclusive nas práticas pedagógicas. Assim, todo mundo precisou adequar sua rotina de acordo com as recomendações sanitárias a fim de evitar a contaminação pelo novo coronavírus. A área educacional não ficou livre; e o impacto foi sentido de maneira ampla, começando pela educação infantil.

A princípio, uma das maiores preocupações de especialistas está no fato de que o ritmo adotado pelas instituições pode aprofundar alguns problemas já existentes. Além de dar espaço para o aparecimento de outros. No entanto, o uso dessas estratégias foi a única maneira encontrada para oferecer o mínimo de condições à retomada das atividades.

Diante de um cenário tão incerto, mesmo com a vacinação de profissionais da educação, a resposta para tudo isso foi a escolha de práticas pedagógicas que valorizassem o desenvolvimento da criança na educação infantil. Inclusive, quando se fala em desenvolver o pequeno, esse trabalho tem o compromisso de valorizar não somente a questão cognitiva, mas a psicossocial também.

Assim sendo, a escola atua para impulsionar um conjunto de competências presentes na vida dos alunos; e que só podem ser aperfeiçoadas com o auxílio de profissionais capacitados. Com isso, as instituições passaram a desempenhar práticas pedagógicas para suprir o tempo em que ficaram fechadas e o período de afastamento das crianças.

O que pode ser feito?

No contexto das atividades remotas, especialistas sugerem a adoção de práticas pedagógicas que sejam atrativas aos olhos dos alunos. Afinal, todo esse conjunto de atividades é para chamar a atenção dos pequenos e, ao mesmo tempo, exercitar suas habilidades. Vejam abaixo algumas dicas que podem ajudar:

– Produzir vídeos curtos, com mensagens claras e objetivas;

– Sugerir materiais/brinquedos que sejam fáceis de encontrar;

– Sugerir atividades que incentivem a psicomotricidade (mas sempre com aquele teor lúdico que as crianças adoram);

– Criar vídeos que utilizem canções trabalhadas em sala de aula a fim de estimular o vínculo afetivo dos alunos com o ambiente de aprendizagem;

– Sugerir exercícios que possam ser realizados com a ajuda dos pais ou responsáveis (com a intenção de incluir a família no processo pedagógico);

– Propor tarefas que façam uso constante de alguma referência da escola (fotografias, por exemplo) para promover a interação das crianças com o espaço da instituição.

– Sugerir uma atividade extracurricular que envolva alguma ação da criança e que possa ser compartilhada em vídeos (dança folclórica, canto, etc.).

E as escolas que voltaram à modalidade presencial?

Antes de tudo, é importante ressaltar que aquelas instituições, cujas aulas presenciais foram retomadas, receberam autorização das secretarias de educação para que as atividades e as práticas pedagógicas voltassem com um número reduzido de crianças em sala de aula. Em outras palavras, o cenário ainda não é o ideal, mas já sinaliza para uma reabertura necessária.

Nesses casos, os professores podem fazer planejamentos quanto a aplicações de exercícios que vão potencializar o desenvolvimento pedagógico dos alunos. Dessa forma, a realização de atividades no espaço físico da escola exige alguns cuidados, como a utilização de álcool em gel, por exemplo. Vejam as sugestões:

– Atividades de psicomotricidade respeitando o espaço do outro (cada um faz em seu lugar);

– Exercícios de coordenação motora fina (com o uso de massinhas de modelar e desenhos para colorir);

– Tarefas lúdicas de leitura e escrita (respeitando o espaço de distanciamento entre as carteiras);

– Brincadeiras que despertem a interação entre as crianças, mas que prezem pela segurança (vocês podem colocar as carteiras em círculos para aumentar o contato entre os alunos);

– Usar o pátio da escola para propiciar um espaço amplo e arejado para as crianças;

– Aulas que contem com músicas, fantoches e outras estratégias que estimulem a prática pedagógica dos pequenos.

Qual o impacto da pandemia na educação?

Pouco mais de um ano após o início da pandemia, é correto afirmar que a educação foi uma das principais preocupações devido ao distanciamento social. Com isso, escolas tiveram que paralisar atividades pedagógicas e todos os demais trabalhos que eram feitos diretamente com os alunos, como a oferta de apoio psicológico e até alimentação.

Em função disso, vários estudos foram feitos para medir a intensidade dos efeitos trazidos pela pandemia na vida das crianças em idade escolar. Assim sendo, vale relatar um levantamento feito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. O estudo apontou que:

– 60% das famílias de crianças em escolas públicas sofrem com a falta de acesso ou a baixa qualidade à internet (impactando aqueles que ainda estão na modalidade remota);

– Mais de 30% das famílias de crianças em escolas públicas não mantiveram nenhum contato com os professores durante a pandemia;

– 80% das crianças e adolescentes brasileiros estão matriculados no ensino público, mas apenas 13% destes tiveram contato com as escolas;

– 30% das crianças da educação infantil apresentaram baixa qualidade do sono e práticas de exercício/brincadeiras ao ar livre;

– Mais de 30% das crianças ficaram mais tempo expostas às telas que o recomendado.

Quais os desafios?

As respostas para esta pergunta não são fáceis, pois ainda estamos nos adequando a esse cenário de pandemia. De qualquer forma, mesmo que as escolas estejam retornando aos poucos às atividades presenciais, é inegável que ainda exista um percentual considerável de crianças estudando pela modalidade remota ou híbrida; e outras tantas sem nenhum acesso.

Para contornar esta situação, os professores precisam se reunir para analisar o que pode ser feito de forma que atenda a demanda desses alunos. Por fim, o planejamento de ações assertivas e que priorizem o aprendizado das crianças é o melhor caminho a ser tomado em um momento de adaptações.

Quer saber sobre educação no contexto da pandemia? Confira nossa live:

Referências

DELBONI, C. Educação infantil sente impacto da pandemia no desenvolvimento da criança. Kids: um assunto de gente grande. Estadão, 24 maio 2021.

PEREIRA JUNIOR, L.S; MACHADO, J.B. Educação infantil em tempos de pandemia: desafios no ensino remoto emergencial ao trabalhar com jogos e brincadeiras. Revista EducaçãoPública, v. 21, nº 6, 23 de fevereiro de 2021. 

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